sexta-feira, 1 de agosto de 2008

“Um mentiroso cruel”

Eis um fato ocorrido entre o czar Nicolau I e o papa Pio IX:

“O czar Nicolau, que há cem anos governou o império russo, foi um dos homens mais sanguinários. A sua crueldade arrancou a vida a milhares de filhos da Igreja Católica; maior, porém, foi o número dos que tiveram uma morte lenta nos trabalhos forçados e nos horrendos cárceres do clima horrível da Sibéria.
Entretanto, diante dos reis europeus e sobretudo diante do Soberano Pontífice, fazia sempre alarde de sentimentos religiosos e humanitários. Indo a Roma, o poderoso e sanguinário czar foi recebido em audiência por sua Santidade o Papa Pio IX. O Pontífice perguntou-lhe como tratava os católicos. E o czar, com a mais vil hipocrisia, respondeu:
— Muito bem, Santíssimo Padre.
Não pôde o Papa sofrer a vileza daquele coração traidor. Levantou-se de seu trono, fitou o poderoso imperador com majestosa dignidade e com voz forte e enérgica disse:
— Mentis!
O imperador russo não pôde conservar-se em pé; ficou como que aniquilado... e saiu dali aterrado, como se uma tempestade tivesse estalado sobre sua cabeça e o fogo de um raio o ameaçasse. Desceu rapidamente as escadarias do Vaticano e foi sepultar-se no palácio em que se hospedava.

Também a vós, milhares de cristãos... também a vós, milhares de católicos... pergunta o vigário de Jesus Cristo:
— Amais a Jesus Cristo?
E respondeis com hipócrita serenidade:
— Amamos!
— Mentis! V
os dirá o Papa e com razão, pois:
Não sois vós que profanais os dias santos de guarda?... Não sois vós que abandonais a oração e os Sacramentos?... Não sois vós que desprezais os Mandamentos divinos?...
E não mentis aos homens, mas a Jesus Cristo... ao próprio Deus!...”


* * *
História da Igreja em Quadrinhos. Edições Paulinas, 1983.

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