terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Que decadência...

Quando um professor deixa o magistério de lado para se dedicar a vender peixe porque dá mais dinheiro, é sinal de que a sociedade está em profunda decadência.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Conversas na missa da igreja de São Paulo Apóstolo

- - - - - - - - - - Baseado em fatos reais. - - - - - - - - - -

No interior do Nordeste ainda são bastante comuns as festas do santo padroeiro, onde as localidades param para honrá-lo. Melhor ainda é quando os festejos são no mês de junho, coincidindo com as quadrilhas de São João, como na festa de São Paulo Apóstolo, que é celebrada em 29 de junho – mesmo dia de São Pedro.

No pequeno povoado de São Paulo do Itaquarioca é missa festiva e a igreja está lotada, as pessoas se aglomeram e muitas outras estão no lado de fora.

Enquanto o padre não chega, a senhorinha de cabelos brancos sentada no banco do corredor comenta com uma outra senhora não menos idosa:

  • Mundinha, tu ouviu falá qui a fia do Zé do finado Luiz Situba fugiu cum rapaizim novo da prefeitura, aquele galeguim dos zói verde?

  • É nada, muié de Deus!

  • Tô dizeno! Parece até qui teve bucho no meio, tava inté de seis mêis já, pela forma do bucho, deve sê uma minina...

No mesmo instante o padre chega, acompanhado das suas carolas e beatas, uma mais “dedicada” que a outra:

  • Padre Chiquim, o sinhô num qué as estola?

  • Não, dona Zefinha, eu já trouxe elas aqui, obrigado.

  • Mais o sinhô num qué que eu traga as estola mesmo não?

  • Dona Zefinha, eu já disse, eu trouxe as estolas comigo, estão até na minha bolsa.

  • Mais o sinhô pode ter si isquicido, padre!

Aí a outra beata interfere:

  • Cumade Zefa, dêxe di sê besta, num tá vendo qui o padre num qué qui os pessoal fique pegano nas estola dele?

  • Não é isso, dona Mariquinha... – tenta se defender o padre.

  • Padre Chiquim – agora é Dona Mariquinha – o sinhô num qué qui eu pegue as estola pro sinhô?

Jesus amado, é hoje!”, pensa o padre Chiquinho, suspirando e olhando para o céu.

Enquanto isso, num dos bancos que ficam perto da porta de entrada, um garoto pergunta para a catequista (uma menina nova, não deve ter mais de dezesseis anos) algo sobre a imagem de São Paulo:

  • Ô tia, por que o santo segura uma espada cuma mão e um livro ca ôtra?

Ao que a moça, toda pimpona, responde:

  • Ora, é pusquê Sum Paulo, pra invangelizá, matava aqueles qui num quiria si convertê pra igreja!

  • Ah...

  • E como ele mesmo dizia que “quem cum ferro fere cum ferro será firido”, ele morreu quando uns home do imperadô...

  • ...Qui imperadô? Aquele jogadô?

  • Não, minino! O imperadô romano! O santo foi morto pelos home do imperadô por causa da espada qui ele num soltava!

  • Tá, mais e o livro?

  • É pusquê antes o santo era iscrivinhadô di livro. Tá sastifeito?

  • Tô sim, tia!

A missa finalmente começa, o padre faz as orações iniciais e, enquanto muitos estão prestando atenção nos ritos católicos, outros estão mais entretidos com a vida alheia. Um vigia do posto de saúde, que aproveitando que estava de folga e foi à igreja, se vira pro primo sentado no banco de trás e comenta:

  • Cumpade Antôim, esse padre aí num sei não...

  • ...Num sei não o quê, home di Deus? – Seu Antônio já se impacienta.

  • Num sei não, mais esse padre Chiquim pra mim é baitola!

  • Num diga esse nome fêi no mêi da missa, criatura!

  • Ora, tu vai mim dizê que tu num sôbe das história desse padre na antiga paróquia dele?

  • Rapáiz, isso é fofoca, tu num sabe qui a negada daqui num véve sem falá dos padre qui vêm pra cá?

  • Cumpade Antôim, ó o jeitim desse Chiquim! Todo delicadim, todo chêi di frescura... “Chiquim”... Isso lá é nome de padre?

  • Cumpade Mané, mi dêxe vê a missa!

  • Tá bom, cumpade, tu é muito é zangado!

E a missa acontecendo, até que...

  • Cumpade Antôim...

  • Quê qui foi?

  • Eu digo qui o padre é baitola...

  • Num fale esse nome, fi de Deus!

  • Ele é isso mesmo aí sim, pois o povo tá dizeno por aí qui aquele rapaizim novo da prefeitura foi simbora pra Brasília pra dipois o padre fugir e si incontrá cum ele lá!

O outro que está sentado ao lado do vigia se intromete:

  • É aquele galeguim dos zói azu?

  • Sei lá, pra mim era uns zói mêi amarelado, mais é sim, é o rapaizim novo da prefeitura, ele tá de caso cum padre Chiquim. O pessoal diz qui viu eles dois na beira do rio, bem na curva.

  • Ô vocêis dois – esbraveja Seu Antônio – si num gostam do padre, pusquê num vão simbora logo? Eu quero é vê a missa!

Na mesma hora, na porta dos fundos, Miguelina, uma professorinha de vinte e tantos anos, bonita não só de rosto como também de corpo, mas com uma cabecinha vazia, faz a seguinte observação à D. Carminha, secretária da paróquia:

  • Dona Carminha, mulher de Nossa Senhora, esse padre é tão gostoso...

  • Lina, mulher, olha o respeito! Estamos na casa de Deus, respeite o padre!

  • Ora, que culpa tenho eu se o padre tem um jeitão de macho? Parece até ator de novela das oito!

  • Lina, Lina...

  • Dona Carminha, a senhora não sabe da nova: não tem a filha do dono da oficina da rua de cima?

  • A menina do compadre Zé Setúbal? O que houve?

  • Ora, ela sentiu a “pegada” do padre Chiquinho, os dois foram vistos no carro da paróquia, pertinho pertinho da curva do rio! Dizem que o Seu Zé do finado Luiz Setúbal mandou ela lá pra Brasília, pra casa de uns tios, pois ele ficou com vergonha de ter descoberto que a filha engravidou do padre...

No momento em que celebra a missa, padre Chiquinho sequer imagina que estão falando várias coisas a seu respeito, e crê inocentemente que todos os fiéis estão na igreja para honrar a pessoa de Saulo de Tarso, o grande apóstolo São Paulo, além de louvar o Senhor.

Porém, muitos desses fiéis vão à missa tão somente para fazer fuxico da vida alheia, nunca serão cristãos de verdade. E muitos vão à igreja sem ter o mínimo de noção sobre a vida dos santos ou o respeito à celebração eucarística. É como disse o Pe. Antônio Vieira:

"Antigamente, batizavam-se os convertidos; hoje é preciso converter os batizados".

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(23 de novembro de 2011)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O evangelho dos otários

Pregador berra no púlpito
e o povo incauto aplaude.
Pouco tempo depois, de súbito,
lágrimas enchem o balde.

“Dá glória a Deus!”, grita
o espertalhão missionário.
Todos os dias passa na tevê
o evangelho dos otários.

É apóstolo, bispo e missionário
em igrejolas com nome pomposo:
querem alcance mundial e universal:
Isso é negócio bastante rendoso!

“Dá glória a Deus!”, grita
o apóstolo e grande profeta:
enquanto isso, no altar incita
o povo miúdo a doar-lhe a oferta.

É o evangelho dos otários
que dão cem, duzentos contos
mas que caem no conto do vigário
e o bispo compra mais um ponto.

Curas, milagres e muito choro
eis o espetáculo celebrado
no horário nobre isso vale ouro
e mais otários são enganados.

É o evangelho dos otários.
“Dá glória a Deus!”, grita
o espertalhão missionário:
esse povo é pior que cabrita!

É muito choro, muita emoção
a “glória de Deus” enche o lugar.
Isso tudo é muita enrolação
os infelizes querem se enganar.

A falsa humildade é muito grande
o líder chora sem lágrimas derramar
será que ninguém pára por um instante
e a esses espertalhões não vão investigar?

É o evangelho dos otários:
engana o apóstolo e o bispo,
o pastor e o missionário
até o padre, eu não acredito!

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(04 de janeiro de 2012)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

E eu que pensava que era sobre cristãos iraquianos

Vou confessar uma coisa: às vezes dou uma lida em uma determinada página da internet, que é de importantes comunistas de sacristia. Ao ver que um determinado artigo tinha como título É Natal em Bagdad e Fallujah, inocentemente achei que era sobre os cristãos iraquianos, duramente caçados pelos adeptos da religião da “paz”.

Que nada! Foi com grande decepção que li um texto que era puro antiamericanismo, exaltando o fato de as tropas dos States começarem a deixar o Iraque.

E chega às raias do exagero ao comparar a retirada dos americanos do Iraque ao anúncio do profeta Isaías e do arcanjo Gabriel sobre a vinda do Senhor!

Sei que é difícil, pois estão mais preocupados com os indiozinhos desalojados pela hidrelétrica de Belo Monte ou pelos “pacíficos” palestinos, mas quando será que esse pessoal da Adital vai publicar algum artigo em defesa dos cristãos perseguidos mundo afora?

Acho de uma ironia cruel certos setores ligados à CNB do B fazerem estardalhaço sobre os palestinos e os indiozinhos e se calarem criminosamente quando crianças como Adam (imagem acima), o pequeno mártir iraquiano, morrem por crerem no Senhor Jesus.