terça-feira, 25 de maio de 2010

Bola quadrada, bola fora

Vivemos em uma época bastante estranha: qualquer moleque bom de bola já ganha milhões, que o digam aqueles caras que jogam no Santos.
Antigamente, TODOS os jogadores da Seleção atuavam no país, se bem que desde o começo da “profissionalização” do esporte aqui no Brasil já tínhamos nossos craques atuando no Velho Mundo. O que antes era uma exceção agora é regra, pois foi a partir da década de 1980 que os melhores atletas vêm sendo seduzidos pelos dólares (agora euros) dos clubes europeus ou dos petrodólares dos países árabes.
Transações milionárias, fortunas gastas para adquirir o passe de um único jogador...
A bola da vez das grandes transferências é o “imperador” Adriano.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, o flamenguista teria recusado uma proposta de “um salário líquido de 2,5 milhões de euros por ano (cerca de R$ 6 milhões)” oferecido pelo Roma da Itália.
Dois milhões e meio de euros, líquidos e anuais? E o cara recusou, querendo quase o dobro!
Um milhão de reais por mês!
Não tenho nem idéia de quantos séculos eu teria de trabalhar para finalmente conseguir tal quantia!
Inversão de valores: um sujeito que talvez não tenha o ensino médio completo, ganhando muito mais do que um professor (como este que vos escreve), ou um médico, ou um soldado.
Pergunte a algum jovem se ele quer ser soldado das Forças Armadas ou da polícia... a gargalhada é a resposta!
Pergunte a algum jovem se ele quer ser professor... mais e mais gargalhadas são a resposta!
Quem quer dar aula? Só se for maluco! Agüentar desaforo de mequetrefes mal-educados, suportar a impotência de, muitas vezes, sofrer a violência estudantil e não poder fazer nada, para não perder a vida!
Que inversão! Que fantasia! Grande parte da imprensa joga na cabeça dessa juventude imbecil esses contos da carochinha, onde um Ronaldo, um Ronaldinho Gaúcho ou um Adriano são badalados, adulados, só porque sabem correr atrás de uma esfera de couro!
Quem quer ser policial? Para viver sempre angustiado, com medo de ver a família desamparada pelo Estado caso venha a morrer em combate? Para ficar se escondendo na própria vizinhança, sem poder revelar a todos que é uma autoridade?
São notícias como essa que me deixam chateado, e fico mais chateado ainda quando essa juventude, tão decantada como o “futuro do Brasil”, está mergulhada no mais profundo egoísmo, materialismo e falta de coragem, compaixão e respeito para com os outros.

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