segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Dia da Exaltação da Santa Cruz

Ontem a Igreja celebrou a Exaltação da Santa Cruz, uma data litúrgica celebrada pelo menos desde 335 d.C., quando foram dedicadas duas basílicas em Jerusalém, a do Martyrium, no Gólgota e a do Anástasis, ou seja, da Ressurreição; essa festa chegou ao Ocidente pouco tempo depois.
Na Santa Missa os paramentos são na cor vermelha, em recordação do preciosíssimo sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Na primeira leitura (Números 21, 4b-9) vemos a ingratidão dos hebreus, que murmuravam contra Yahweh, cansados de comer só do maná e de perambular pelo deserto atrás da terra prometida, bem como o castigo que o Senhor lançou, com os ataques das serpentes.
Vemos também a intercessão de Moisés que, sob as ordens de Deus, fez uma serpente de bronze, para ser erguida do solo e olhada por aqueles que foram picados, com a finalidade de curá-los.
Na segunda leitura (Filipenses 2, 6-11), o Apóstolo São Paulo ensina que Cristo, apesar de toda a majestade e glória, não se utilizou delas para conquistar poder, mas “aniquilou-se”, e fez-se semelhante aos homens, para anunciar a Misericórdia, a Justiça e o Amor de Deus, sendo obediente até o extremo, com a morte na cruz.
O próprio Cristo, na conversa que teve com Nicodemos, como podemos ver no evangelho do dia (João 3, 13-17), citou a narrativa da serpente para dar a entender como se daria a morte redentora d’Ele, que seria erguido para atrair para Si toda a humanidade.
Infelizmente muitas vezes nós temos a tentação de não querer carregar as nossas cruzes, sejam elas quais forem, e somos mais tentados ainda a querer um cristianismo fácil, uma fé onde damos o dízimo e Deus, como se fosse um robô, nos retribui imediatamente. Esse tipo de “igreja” virou moda, prometendo riqueza e curas físicas (até mesmo cura do câncer) e espirituais (leia-se “desencapetamento”).
Se ser cristão é tão somente usufruir das graças e bênçãos, então Cristo Jesus foi um fracassado, justamente porque foi crucificado, apesar de ser poderoso e milagroso.
Muitos padres (ainda bem que não são todos!) têm de aprender também que o sacerdócio não deve ser baseado única e exclusivamente das benesses da função, não é só o lado social: é serviço, doação, sacrifício, evangelização, atender os mais desvalidos, de pão e principalmente de espírito, é chamar a atenção do povo sobre o pecado, pois foi para que fôssemos salvos que o Senhor Jesus morreu numa cruz.

Pela cruz todos devemos passar, não tem jeito, mas é por ela que alcançaremos a salvação, a glória, a vida eterna, para que possamos acompanhar o Filho Unigênito de Deus, contemplá-lo face a face, sem choro, tristeza ou opressões.
E temos a certeza de que, apesar da "cruz" que a Santa Igreja carrega e dos "lobos uivantes", a vitória é certa, porque foi o Divino Salvador que garantiu ao nosso primeiro papa (São Pedro) que as portas do Inferno não prevalecerão sobre Ela.


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Bibliografia:
SGARBOSSA, Mário, GIOVANNINI, Luigi. Um Santo para Cada Dia. São Paulo, Editora Paulus, 1996.

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